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VALE DO JAVARI - Funai localiza 34 índios isolados
A maior expedição da Fundação Nacional do Indio (Funai) dos últimos 20 anos para fazer contato com índios isolados resultou, até o momento, em um encontro pacífico e acabou marcada pelo reencontro de parentes indígenas que estavam afastados. Também houve diálogos para evitar conflitos por terras.
Como o blog informou no início de março, a Funai preparou a maior expedição das últimas décadas para entrar em contato com um grupo de índios Korubo, na Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, que permanecia totalmente isolado.
A expedição, que começou a ser organizada no governo anterior, tinha dois objetivos principais: reaproximar parentes que se afastaram em 2015 e, também, evitar novos conflitos entre eles e os Matis, outra etnia indígena da região, pelas terras próximas ao Rio Coari.
Os dois povos protagonizaram um conflito na região em 2014, com mortes nos dois lados. Desde então, representantes Matís solicitam à Funai providências para o estabelecimento do contato. A tensão permaneceu e aumentou recentemente com uma reaproximação dos Korubo isolado da área ocupada pelos Matís e com a possibilidade de uma ação promovida por estes.
“Os Korubo se distanciaram, queimaram suas malocas. Mas voltaram a aparecer, visitando as roças Matís e pegando alimentos e ferramentas. Ano passado quase teve um contato dos Matís”, disse o coordenador de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai, Bruno da Cunha Arújo.
Expedição
A realização de uma expedição começou a ser discutida anos atrás. Com o receio do aumento dos risos de novos conflitos, a Funai decidiu realizá-la. A equipe começou as buscas pelos índios no início de março. Alguns Korubo já contatados auxiliaram, bem como indígenas de outras etnias. Segundo a Funai, os Korubo integraram o grupo motivados pelo desejo de encontrar parentes e amigos.
No último dia 19, foram encontrados alguns Korubo isolados. Outros representantes da etnia apareceram ao longo dos dias seguintes, totalizando 34 índios. Segundo Bruno da Cunha Araújo, coordenador-geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai, o diálogo foi estabelecido entre os encontrados e os indígenas integrantes da expedição.
Uma equipe de 28 pessoas continua no local para monitorar o caso, dar apoio no atendimento à saúde , como vacinação, e buscar uma interlocução para resolver o conflito com os Matís. Além dos integrantes da expedição, há também uma unidade da Funai na região, denominada Frente de Proteção Ambiental do Vale do Javari.
Segundo o coordenador da Funai, eles pediram aos Korubo isolados que se distanciassem, o que teria tido uma resposta preliminar positiva. Mas o grande desafio, de acordo com o representante da instituição, é encontrar formas para que a etnia e os Matís possam conviver e ocupar a área sem riscos de conflitos.
Interlocução
“Estamos estabelecendo interlocução. Eles falam que vão descer o rio cerca de 10 quilômetros, 15 quilômetros. Mas o que resolve é o diálogo, e não é a distância em si. O nosso papel é tentar facilitar esse diálogo”, explica Bruno da Cunha Araújo. Segundo ele, este processo pode durar meses, ou até mais de um ano.
No domingo (07), o grupo será substituído por uma outra equipe, que já está na região se preparando para assumir a expedição. Eles permanecerão lá por 40 dias. Ao longo desse período, manterão o monitoramento e os esforços de interlocução com as duas etnias, bem como o atendimento de saúde.
Araújo destacou que um ponto importante para que esse trabalho continue sendo feito é garantir estrutura para a unidade da Funai no local. São necessários recursos para viabilizar custos como combustível para o deslocamento dos técnicos, comida para dar suporte às equipes e verba para contratar indígenas experientes.
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