Prefeito de Santa Isabel do Rio Negro desviava verba do município para contas dele

Manaus – O prefeito de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, Mariolino Siqueira (PDT), a companheira dele, o filho, a nora e 3 secretários foram presos na manhã de hoje (10), na ‘Operação Timbó’, suspeitos de comandar uma organização criminosa que desviava, ao menos, R$ 10 milhões dos cofres públicos, nos últimos três anos. Parte da verba, segundo o procurador-geral do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM), Fábio Monteiro, era desviada pelo próprio prefeito do município para contas bancárias dele.

O prefeito de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, Mariolino Siqueira (PDT) foi preso na manhã desta terça-feira.Foto: Sandro Pereira
Ao todo, durante a operação, foram cumpridos oito mandados, que culminaram na prisão da companheira do prefeito, Regina Flávia Dias Coimbra, o filho dele, Mariolino Siqueira de Oliveira Junior, que atuava como contador do município, a nora dele, Bruna Soraya da Silva Barbosa, que era a coordenadora da casa de apoio da cidade.

De acordo com o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), Mauro Veras, o MPE-AM investiga o envolvimento de um outro filho do prefeito, identificado como Marcelo, que está cursando doutorado em Portugal. “Se ficar comprovado o envolvimento dele, nada nos furtará de pedir a prisão dele também”, disse.

Além dos familiares do prefeito, também foram presos os secretários de finanças, Sebastião Ferreira de Moraes, de obras, Carlos Augusto dos Santos, de administração, João Amorim de Ribeiro Junior e o taxista Raimundo Mendes Neto, que atuava como laranja para os criminosos. 

“O que nos sentimos é que eles praticavam tudo isso sem o menor temor de impunidade, tanto é que o próprio prefeito fazia transferências da conta da prefeitura para conta particular dele e de familiares sem o menor receio. Uma prova disso é que ele conseguiu comprar uma ilha, em São Gabriel da Cachoeira, para o lazer dele com esses recursos desviados”, disse procurador-geral do MPE, Fábio Monteiro.

Mandados

Durante a operação, foram cumpridos oito mandados de prisão, sendo quatro preventivos e outros quatro temporários. Também foram cumpridos dezesseis mandados de busca e apreensão de material de informática, eletrônicos, documentos e processos, de pagamento para cumprimento nas comarcas de Manaus, Iranduba e Santa Isabel do Rio Negro.

Todas as investigações foram realizadas pelo GAECO. Os mandados foram cumpridos como o apoio da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) e Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (SEAI).

Durante o cumprimento de mandado na casa do filho do prefeito, no Parque das Laranjeiras, em Manaus, foram localizados cerca de R$ 250 mil em dinheiro. Já na casa do chefe do executivo municipal, em Santa Isabel do Rio Negro, a polícia apreendeu mais R$ 30 mil em espécie.

“Isso é para que a gente tenha uma ideia de como o dinheiro circulava fácil nas mãos dessas pessoas e como é fácil obter uma vida de luxo em detrimento da pobreza e da miséria do povo”, disse o promotor Lauro Tavares, que integra o GAECO.

Investigações

De acordo com o Ministério Público do Esato (MPE) as investigações envolvem desvio de dinheiro público mediante a prática de peculato, lavagem de dinheiro, fraudes e atos de corrupção, visando o enriquecimento ilícito dos envolvidos.

Conforme o procurador-feral do MPE, Fábio Monteiro, as investigações começaram há cerca de um ano, após funcionários da própria prefeitura terem denunciado atrasos nos salários. No entanto, o período investigado é de janeiro de 2013 a janeiro deste ano.

Durante as investigações, os promotores identificaram de que os benefícios não eram pagos porque a organização criminosa chefiada pelo prefeito desviava verbas para uso próprio, as quais eram investidas na compra de imóveis, automóveis e outros bens.

O promotor Lauro Tavares informou que além do desvio direito do dinheiro dos cofres públicos, existe também fraudes em contratos de licitações com empresa beneficiadas. De acordo com ele, os empresários serão alvos da segunda fase dessa operação.

Tavares destacou que ficou comprovado que um dos secretários praticava crimes de agiotagem com recursos públicos. “A diferença é de que o dinheiro saia das contas do município, mas na hora em que as pessoas pagavam o agiota, esse valor não voltava para os cofres municipais e sim para o fraudador”, afirmou.

Desvios

O MP-AM também comunicou que o rombo foi observado em saques em dinheiro efetuados na boca do caixa, além de transferências bancárias para contas pessoas, movimentados em sete contas da Prefeitura, dentre elas, a da folha de pagamento, no período compreendido entre janeiro de 2013 a janeiro de 2016.

Para o ano de 2014, segundo o órgão, o orçamento municipal da Prefeitura de Santa Isabel foi de R$ 24,8 milhões, dos quais R$ 10 milhões foram desviados. De acordo com o coordenador do Gaeco, Mauro Tavares, o MPE comprovou que não faltou recursos para a cidade. “O problema é que os desvios são muito grandes para atender os próprios interesses desses administradores”, frisou.

Os promotores destacaram que os R$ 10 milhões desviados eram somente da verba pública estadual. De acordo com eles, ainda serão investigados se houve desvio nos repasses enviados pelo Governo Federal. “Esperamos que os que foram presos paguem pelos seus crimes e torcer para que essa operação também tenha seu efeito pedagógico para que oura administrações públicas revejam seus atos e parem de fazer os desvios e invistam naquilo pelo qual foram eleitos”, disse Mauro Tavares.
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